O Império Otomano - Império Otomano
526
post-template-default,single,single-post,postid-526,single-format-standard,bridge-core-2.0.4,ajax_fade,page_not_loaded,,qode-title-hidden,qode_grid_1300,qode-content-sidebar-responsive,qode-theme-ver-19.2,qode-theme-bridge,disabled_footer_top,qode_header_in_grid,wpb-js-composer js-comp-ver-6.0.5,vc_responsive

O Império Otomano

O Império Otomano existiu entre 1299 e 1922 e no seu auge compreendeu toda  a região da Anatólia (atual Turquia) a Ásia Ocidental, a região do Cáucaso, o Oriente Médio, parte do norte de África e do sudeste europeu.

Foi estabelecido no século XIII por uma tribo de turcos oguzes (originários da região do Mar Cáspio) no noroeste da Anatólia (Turquia) pelo líder tribal oguz Osmã I (em árabe Uthmān, de onde deriva o nome “otomano”) que estabeleceu a dinastia Osmanlı. Nos séculos mais recentes, o Império Otomano  era por vezes referido em círculos diplomáticos como o da “Sublime Porta” ou simplesmente como “a Porta”, devido à cerimônia de acolhimento com que o sultão agraciava os embaixadores à entrada do palácio.

Nos séculos XVI e XVII, o império constava entre as principais potências políticas da Europa e vários países europeus temiam os avanços otomanos nos Balcãs. No seu auge, no século XVII, o território otomano compreendia uma área de 11.955.000 km² e estendia-se desde o estreito de Gibraltar, a oeste, até o mar Cáspio e o golfo Pérsico, a leste, e desde a fronteira com as atuais Áustria e Eslovênia, no norte, até os atuais Sudão e Iêmen, no sul.

Início do Império (1300 – 1481)

Com o desaparecimento do Sultanato de Rum, por volta do século XIII, a Anatólia turca foi dividida em uma colcha de retalhos de estados independentes, os beylhiques. Por volta de 1300, o enfraquecido Império Bizantino havia perdido a maioria de suas províncias na Anatólia para dez beilhiques. Um desses beilhiques eram liderados por Osmã I, filho de Ertogrul, em uma região da Anatólia Ocidental.

A dinastia que Osman (1258 d.C a 1326 d.C) fundou, era chamada de Osmanli, que significa “filhos de Osman”. O nome passou para o ocidente como “otomano”. O Império Otomano professava a religião muçulmana. As tribos mais fortes eram os seljúcidas, que se estabeleceram na Ásia Menor, juntamente com outros grupos de turcos.

No mito da fundação do império contada em uma história medieval turca conhecida como “O sonho de Osmã”, Osmã quando jovem sonhou com a visão de um império que era uma grande árvore cujas raízes se estendiam por três continentes e seus ramos cobriam os céus. Ainda de acordo com o sonho, essa árvore que simbolizava o império de Osmã, alcançava quatro rios com suas raízes, o Tigre, o Eufrates, o Nilo e o Danúbio. Essa árvore fazia sombra em quatro cadeias de montanhas, o Cáucaso o Tauro, o Atlas e os Bálcãs.

Osman surgiu como o líder local dos turcos na luta contra o enfraquecido império bizantino. Com a extensão do domínio turco nos Bálcãs, a estratégica conquista de Constantinopla tornou-se um objetivo fundamental.
A conquista final só foi alcançada em 1453 d.C, com a queda de Constantinopla (atual Istanbul), mas, naquela época, todo o território em volta já estava em mãos dos otomanos.

Sultão Maomé II, o Conquistador, entra em Constantinopla (atual Istambul).

As áreas iniciais de expansão sob a liderança de Osman I e de seus sucessores – Orkhan (que governou no período de 1326 a 1359) e Murad I (no período de 1359 a 1389) – compreendiam o oeste da Ásia Menor e o sul da Europa, originariamente península balcânica. Durante o reinado de Orkhan, foi capturada a cidade de Bursa em 1324 e se tornou capital do Estado otomano.

A queda de Bursa em mãos otomanas significou o fim do domínio bizantino no noroeste da Anatólia. A partir dai, foi iniciada a prática de exigir um tributo sobre os filhos de cristãos. Os meninos eram treinados para se tornarem soldados e administradores. Como soldados, eles aumentavam as fileiras da infantaria e eram chamados de janízaros, a força militar mais temida na Europa por séculos. Em compensação, o governo otomano usou a entidade legal conhecida como millet, na qual minorias étnicas e religiosas podiam lidar com seus próprios assuntos independentemente do poder central.

Murad (1359 a 1389) conquistou a Trácia, a noroeste de Constantinopla, em 1361 d.C. Mudou sua capital para Adrianópolis (atual Edirne), a capital da Trácia e a segunda cidade do império bizantino. Esta conquista efetivamente separou Constantinopla do resto do mundo. A importante cidade de Salonica foi conquistada aos venezianos em 1387, e a vitória turca na batalha do Kosovo em 1389, efetivamente, marcou o fim do poder sérvio na região, abrindo caminho para a expansão otomana na Europa.

Murad morreu durante a sua última batalha vitoriosa na região balcânica. Seu sucessor, Bayezid I (governou de 1389 a 1402), foi incapaz de expandir as conquistas do lado europeu. Ele foi forçado a voltar sua atenção para a região oriental da Ásia Menor para lidar com um principado turco cada vez mais crescente, o Karaman.

Murad atacou e derrotou Karaman em 1391 d.C, acabou com a revolta nos Balcãs e voltou para consolidar suas conquistas na Ásia Menor. Seu sucesso atraiu a atenção de Timur Lenk (Tamerlão).
Estimulado pelos príncipes turcos que haviam se asilado em sua corte, fugindo das incursões de Bayezid, Timur atacou e o subjugou em 1402 d.C. Capturado por Timur, Bayezid morreria em um ano.

Logo Timur se retirou da Ásia Menor, deixando que os filhos de Bayezid recuperassem o que o pai tinha perdido. Os quatro filhos lutaram entre si pelo controle do poder, até que um deles, Mohammad I, matou os outros três e assumiu o governo. Ele reinou de 1413 d.C até 1421 d.C, e seu sucessor, Murad, II (1421 a 1451) sufocou a resistência nos Bálcãs e eliminou todos os principados turcos na Ásia Menor, com exceção de dois.

A tarefa de finalizar a conquista balcânica e apoderar-se de toda a Ásia Menor coube ao sucessor de Murad II, Mohamed II (no período de 1451 d.C a 1481 d.C). Foi ele quem capturou Constantinopla em 29 de maio de 1453 d.C , com 21 anos de idade. A cidade se tornou a nova capital do Império Otomano, e Maomé (Mohamed) II assumiu o título de Kayser-i Rûm (“César de Roma”). No entanto, este título não foi reconhecido pelos gregos ou pelos europeus ocidentais, e os czares russos passaram então a alegar serem os sucessores do título imperial oriental.

Mohammed II

Para consolidar a sua aclamação, Maomé II aspirava ter controle sobre a capital ocidental, Roma, e as forças otomanas ocuparam partes da península Itálica, a partir de Otranto e Apúlia, em 28 de julho de 1480. Mas depois da morte de Maomé II, em 3 de maio de 1481, a campanha na Itália foi cancelada e as forças otomanas recuaram. De qualquer forma, toda a península balcânica do sul da Hungria foi incorporada, assim como a Criméia, na costa norte do Mar Negro. A Ásia Menor estava completamente subjugada.

Além de conquistar um grande império, Mohammad II trabalhou com afinco pela consolidação e por um sistema administrativo adequado e de impostos. Para isso, contou com o fato de que toda a estrutura burocrática bizantina estava em suas mãos. Ainda que fossem muçulmanos, os sultões otomanos não se recusaram a usar qualquer talento que eles pudessem atrair ou capturar.

O período de 1481 – 1566

Este período da história otomana pode ser dividido em dois períodos: um de crescimento territorial, econômico e cultural até 1566, depois seguido de um período de relativa estagnação política e militar.

Três sultões governaram o império no seu auge: Bayezid II (1481 – 1512), Selim I (1512 – 1520), e Suleyman, o Magnífico (1520-1566). Bayezid estendeu o império na Europa, acrescentou postos avançados ao longo do Mar Negro, e sufocou as revoltas na Ásia Menor. Também transformou a armada otomana na maior força naval do Mediterrâneo. Com a idade mais avançada, ele se tornou um místico religioso e abdicou ao trono em favor de seu filho mais brilhante, Selim I.

A primeira tarefa de Selim foi eliminar toda a competição por sua posição. Ele teve seus irmãos e filhos, com exceção de um, todos mortos. Desse modo, ele estabeleceu o controle sobre o exército, que durante a sucessão tinha apresentado um candidato próprio ao poder. Durante o seu curto reinado, os otomanos se moveram de sul para leste, na Síria, Mesopotâmia (Iraque), Arábia e Egito. Em Meca, o santuário do Islam, ele tomou o título de califa, governante de todos os muçulmanos. Os sultões otomanos seriam, dali em diante, os chefes espirituais do Islam, deslocando, assim, o antigo califado de Bagdá.

Ao ocupar os lugares santos do Islam, Selim sedimentou sua posição como o governante religioso mais poderoso. Isto permitiu o acesso direto dos otomanos à rica herança cultural do mundo árabe. Intelectuais muçulmanos importantes, artistas, artesãos e administradores vinham a Constantinopla de todas as partes do mundo árabe. Eles transformaram o império muito mais do que o estado islâmico tradicional jamais tinha sido.

Além de seu poderoso exercito, a expansão otomana pode também contar com sua Marinha, que bloqueou as principais rotas comerciais marítimas, em concorrência com as cidades-estado italianas no mar Negro, mar Egeu e mar Mediterrâneo e com possessões portuguesas no mar Vermelho e oceano Índico.

Selim teve o controle de todas as rotas comerciais do Oriente Médio entre a Europa e o Extremo Oriente. O crescimento do império foi, durante algum tempo, um impedimento para o comércio europeu. Este monopólio otomano levou os estados europeus a procurarem rotas alternativas pela África para chegarem à India e à China, impulsionando o desenvolvimento das navegações, o que acabou por levar à descoberta das Américas por portugueses e espanhóis.

O único filho de Selim, Suleiman I o Magnífico (1520-1566) , chegou ao trono em uma situação invejável. As novas receitas proveninentes da extensão do império, deixaram-no com uma riqueza e poder sem paralelo na história otomana. A Argélia, na África do Norte, se rendeu à sua esquadra em 1529 d.C e Trípoli (Líbia), em 1551 d.C.

Após a tomada de Belgrado em 1521, Suleiman I conquistou o sul e o centro do Reino da Hungria (ao passo que as regiões ocidental, norte e nordeste não foram conquistadas) e estabeleceu o domínio otomano, no território da Hungria atual (exceto parte ocidental) e outros territórios da Europa Central, após sua vitória na Batalha de Mohács em 1526. Ele então liderou o cerco de Viena em 1529, mas não conseguiu tomar a cidade após o início do inverno, forçando sua retirada. Em 1532, outro ataque a Viena com um exército planejado para ter mais de 250.000 homens foi repelido a 97 quilômetros ao sul da cidade, na fortaleza de Güns. Depois de mais avanços pelos otomanos em 1543, o governante Habsburgo Fernando I oficialmente reconheceu a anexação otomana de regiões da Hungria em 1547.

Durante o reinado de Solimão, a Transilvânia, a Valáquia e, intermitentemente, a Moldávia, tornaram-se principados do Império Otomano. No leste, os otomanos tomaram Bagdá a partir da Mesopotâmia em 1535, ganhando o controle da Mesopotâmia e acesso naval ao golfo Pérsico. Até o final do reinado de Solimão, a população do império atingiu a marca de cerca de 15.000.000 pessoas.

Sob Selim e Solimão, o império tornou-se uma força naval dominante, controlando grande parte do mar Mediterrâneo. As façanhas do almirante otomano Barba Ruiva, que comandou a marinha otomana durante o reinado de Solimão, conduziu a uma série de vitórias militares sobre as marinhas europeias. Entre estas estavam a conquista aos espanhóis de Túnis e Argélia; a evacuação dos muçulmanos e judeus da Espanha para a segurança das terras otomanas (em particular, Tessalônica, Chipre, e Constantinopla), durante a Inquisição Espanhola e a captura de Nice do Sacro Império Romano Germânico em 1543.

Esta última conquista ocorreu em nome da França numa aliança entre as forças do rei francês Francisco I e as de Barba Ruiva. França e o Império Otomano, unidos pela oposição mútua à Monarquia de Habsburgo, na Europa do Sul e na Europa Central, tornaram-se fortes aliados durante este período. A aliança era econômica e militar, como os sultões concederam à França o direito do comércio dentro do império, sem cobrança de impostos.

Na verdade, o Império Otomano foi por esse tempo uma parte significativa e aceite da esfera política europeia, e entrou em uma aliança militar com a França, a Inglaterra e a Holanda contra Espanha e o Sacro Império Romano-Germânico (que na época possuía domínio de jure sobre as cidades-estados italianas e a Áustria).

À medida que o século XVI avançava, a superioridade naval Otomana foi desafiada pelo emergente poder marítimo da Europa ocidental, particularmente na costa do atual Marrocos, no golfo Pérsico, no oceano Índico e em ilhas da atual Indonésia, como as ilhas das Especiarias. Com os otomanos bloqueando rotas marítimas para o Oriente e Sul, as potências européias foram impulsionadas a encontrar outro caminho para a seda e as rotas de especiarias, agora sob o controle otomano.

Em terra, o império estava preocupado com as campanhas militares na Áustria e na Pérsia, duas frentes amplamente separadas. A tensão destes conflitos sobre os recursos do império e da logística de manutenção de linhas de abastecimento e comunicação entre essas grandes distâncias, em última instância fez com que seus esforços marítimos se tornassem insustentáveis e sem êxito. A necessidade imperiosa militar para a defesa nas fronteiras ocidentais e orientais do império acabou por tornar impossível o engajamento eficaz a longo prazo da marinha otomana em uma escala global.

Em suas buscas menos belicosas, ele enfeitou as maiores cidades do Islam com mesquitas, aquedutos, pontes e outras obras públicas. Em Constantinopla, ele mandou construir muitas mesquitas e, entre elas, a magnífica Mesquita de Suleyman.

O período de 1566 – 1807

Durante o longo reinado de Suleiman, o império otomano alcançou o auge em poder político e o máximo de sua extensão geográfica. As sementes do declínio, no entanto, já estavam plantadas.

Como Suleiman já estivesse cansado das guerras e vivendo mais em seu harém, seus vizires assumiram o poder. Depois de sua morte, o exército passou a controlar o sultanato, usando isso em seu próprio benefício. Poucos sultões, depois de Suleiman, tiveram a habilidade de exercer o poder verdadeiro quando a necessidade se apresentava. A este enfraquecimento no centro do poder, se opunha um poder cada vez mais crescente no ocidente. Os estados nacionais na Europa estavam emergindo da Idade Média sob monarquias fortes. Estavam formando exércitos e esquadras que foram poderosas o suficiente para atacar o poder militar otomano decadente.

Em 1571 d.C, um acordo entre Veneza, Espanha e os estados papais da Itália, derrotou os turcos na grande batalha naval de Lepanto, na costa grega. Esta derrota, que derrubou o mito do turco invencível, aconteceu durante o reinado de Selim II (período de 1566 – 1574). Mas, o império reconstruiu sua esquadra e continuou a controlar o Mediterrâneo oriental por mais um século.

Na medida em que o governo central se tornava mais fraco, partes do império começaram a agir mais independentemente, mantendo apenas uma lealdade nominal ao sultão. No entanto, essa armada ainda era forte o bastante para impedir as rebeliões nas províncias. Sob o governo de Murad III (1574-1595), novas campanhas foram desenvolvidas. O Cáucaso foi conquistado e o Azerbaijão foi ocupado, quando o império atingiu a sua maior extensão territorial.

Esforços reformistas foram experimentados pelos sultões durante o século XVII, mas pouco pode ser feito para deter o começo da decadência. Os otomanos foram expulsos do Cáucaso e do Azerbaijão em 1603 d.C e do Iraque em 1604 d.C. O Iraque foi retomado por Murad IV (1623-1640) em 1638 d.C, mas o Irã permaneceu uma ameaça militar persistente no oriente. Uma guerra com Veneza (1645-1669) expôs Constantinopla a um ataque da armada naval veneziana. Em 1683 d.C, a última tentativa para conquistar Viena fracassou. A Rússia e a Áustria lutaram contra o império com ataques militares diretos e fomentando a revolta entre os não muçulmanos contra o sultão.

Começando em 1683 d.C, com o ataque a Viena, os otomanos estiveram em guerra com os inimigos europeus por 41 anos. Como conseqüência, o império perdeu muito de seu território nos Bálcãs e todas as possessões no litoral do Mar Negro.

O enfraquecimento do governo central, manifestado pelo declínio militar, também implicou numa perda gradual do controle sobre a maior parte das províncias. Governantes locais, chamados de notáveis, conquistaram para si regiões permanentes as quais eles governavam diretamente, independente da vontade do sultão em Constantinopla. Os notáveis foram capazes de construir suas bases de poder, porque sabiam da fragilidade do exército do sultão e porque as populações locais preferiam seus governos à administração corrupta da distante capital. Os notáveis formaram seus próprios exércitos e coletavam seus próprios impostos, enviando apenas as contribuições nominas para o tesouro imperial.

Selim III (1789-1807) tinha esperanças de reformar o império e o seu exército, mas não conseguiu e foi destronado. Quando Mahmud II (1808-1839) chegou ao trono, o império estava em situação extrema. O controle da África do Norte tinha passado para os notáveis locais.

No Egito, Mohammad ‘Ali estava lançando as bases de um reino independente. Se as nações européias tivessem cooperado eles poderiam ter destruído o império otomano. Em 1826 d.C, cinco anos após os gregos iniciarem sua luta pela independência, os janízaros tentaram interromper as reformas. Mahmud os massacrou e construiu um novo sistema militar, nos moldes dos exércitos europeus. Ele também reformou a administração e assumiu o controle sobre alguns dos notáveis provinciais, com exceção do Egito. Por ocasião da morte de Mahmud, o império estava mais consolidado e poderoso, mas ainda sujeito à interferência européia.

Os filhos de Mahmud, Abdulmecid I (1839-1861) e Abdulaziz (1861-1876) implementaram diversas reformas, especialmente na educação e no sistema legal. Não obstante, em meados do século era evidente que a causa otomana era uma causa perdida. O Czar Nicolau I da Rússia, em 1853 d.C, comentou sobre o Império Otomano: “Temos em nossas mãos um homem doente, muito doente.”

As Guerras Turco-Russa

Os interesses conflitantes dos estados europeus sustentaram o império otomano até depois da I Guerra Mundial. A Grã-Bretanha, em especial, estava determinada a manter a Rússia afastada do acesso ao Mediterrâneo pelo mar Negro. A Inglaterra, França e a Sardenha tinham ajudado os otomanos a bloquear os russos, durante a guerra da Criméia (1854-1856).

A guerra russo-turca de 1877/1878, trouxe a Rússia quase que a Constantinopla. Os otomanos foram forçados a assinar o duro Tratado de Santo Estéfano, pelo qual terminavam o seu governo na Europa, com exceção dos estados europeus do Congresso de Berlim. Isso ainda deu um fôlego ao antigo império por umas poucas décadas a mais. Abdulhamid II (1876-1909) estabeleceu laços fortes com a Alemanha a ponto de na I Guerra Mundial os otomanos lutarem ao lado dos alemães.

O Fim do Império

Os otomanos aliaram-se ao Império Alemão no início do século XX, com a ambição imperial de recuperar seus territórios perdidos, juntando-se à Tríplice Aliança na Primeira Guerra Mundial. O império foi capaz de se manter em grande parte do conflito global, apesar da Revolta Árabe em seus domínios. Com registros de antes da Primeira Guerra Mundial, mas com maior intensidade durante a guerra, há relatos de atrocidades cometidas pelo governo otomano contra os armênios.

Os armênios, de religião Greco Ortodoxa e alinhados historicamente com a Rússia,se recusaram a ajudar o impero otomano, muçulmano. A derrota do império otomano e a ocupação de parte de seu território pelas Potências Aliadas após a Primeira Guerra resultaram na sua divisão e na perda dos seus territórios do Oriente Médio, que foram divididos entre o Reino Unido e a França. A bem sucedida Guerra de Independência Turca contra as potências ocupantes levou ao surgimento da República da Turquia no coração anatoliano e à abolição da monarquia e do califado otomano.

Foi no início do século XX que os Jovens Turcos, um grupo reformista, passou a pregar reformas para a modernização do império. O grupo reformista teve êxito na deposição do sultão Abd Al-Hamid II, em 1909.

Mas ao centralizar o poder, esse grupo engendrou o início da própria derrocada do império, que foi obrigado a enfrentar a insatisfação geral de libaneses, sírios, macedônios, albaneses, cretenses, além de enfrentar as discórdias provindas da Bósnia, da Herzegovina, de Trípoli. Ainda na Primeira Guerra Mundial, os otomanos tinham sob controle grande parte do Oriente Médio, que se juntava aos Aliados em busca de sua independência.

Os tratados de paz de 1918 dissolveram o Império Otomano. Um novo governo, sob a liderança de Mustafa Kemal, conhecido como Ataturk, surgiu em Ancara. O último sultão, Mohammad VI fugiu depois que o sultanato foi abolido em 1922. Todos os membros da dinastia otomana foram expulsos do país dois anos mais tarde. A Turquia foi proclamada uma república, com Ataturk como seu primeiro presidente. Durante os 15 anos de seu governo, foi responsável pela introdução de costumes ocidentais, além da abolição do califado.

A Guerra da Independência Nacional (1919-1923):

Após o armistício, a maioria dos territórios Otomanos foi dividida entre os Estados vitoriosos. Mas em seguida formaram-se na Anatólia e na Trácia, frentes e organizações de resistência. O povo turco era obrigado a transformar estes esforços de resistência em um movimento de independência total e conseguiu sua realização na liderança de Mustafa Kemal. Com efeito, desembarcou em Samsun, porto do Mar Negro, no dia 19 de maio de 1919, na qualidade de Inspetor dos Exércitos.

Assim, começou a Guerra da Independência Nacional que iria durar quatro anos. A circular publicada em Amasya em 22 de junho de 1919, constituiu um apelo nacional para a liberação e um manifesto. Isto foi seguido pelos congressos de Erzurum e de Sivas. O povo turco gritou ao mundo inteiro a sua decisão a respeito da independência nacional que tomou no Congresso de Erzurum, assim: “Dentro da sua fronteira, o país é um completo não pode ser dividida. É inadmissível aceitar um mandato ou um protetorado”.

Os Estados do Entendimento no dia 16 de março de 1920 ocuparam İstanbul e dispersaram o Parlamento Otomano. Alguns deputados foram presos, alguns viajaram para Ankara e participaram da guerra de libertação nacional.

A Grande Assembléia Nacional da Turquia (GANT) foi inaugurada no dia 23 de abril de 1920 em Ankara e Mustafa Kemal foi eleito Presidente da Assembléia. A partir daí a luta da liberação nacional, em nome do povo, seria efetuada por esta assembléia.

Depois de nomear Mustafa Kemal comandante e chefe, iniciou-se, em todas as frentes, guerra a todos os estados imperialistas. No entanto, o governo de İstanbul, em 10 de agosto de 1920, havia assinado o Tratado do Sevres que tinha artigos muito pesados contra a Turquia.

Mustafa Kemal e o Governo de Ankara não reconheceram o Tratado de Sevres. Os exércitos na Anatólia do leste, sob o comando de Kazım Karabekir iniciaram um combate e ganharam. Foi assinado com Armênia em 2 de dezembro de 1920 o Tratado de Gümrü. Este era o primeiro tratado internacional assinado pela Assembléia Nacional.

Os problemas na frente oriental foram resolvidos depois de asinatura de Tratado de Moscou em 16 de Março de 1921 com governo de GANT e Rússia e também pelo Tratado de Kars assinado com Arménia, Azerbaijão e Geórgia em 13 de Outubro de 1921.

Na frente ocidental as forças gregas ocuparam İzmir em 15 de maio de 1919 e começam a avançar para o interior da Região do Egeu. Mas a progressão das forças gregas foi detida com a 1ª e 2ª batalhas de İnönü (janeiro e abril de 1921). Na batalha de Sakarya (agosto-setembro de 1921) foram derrotados de uma maneira muito amarga.

Pelo Tratado de Ankara assinado com a França (outubro de 1921), recuaram os seus exércitos de Adana e arredores. Em seguida, todas as forças do país foram preparadas para o grande assalto a ser realizado na frente ocidental. As forças gregas sofreram uma grande derrota na Batalha chamada “O Grande Ataque, do Supremo Chefe Comandante”, em agosto de 1922, e İzmir foi liberada (9 de setembro de 1922).

Esta vitória militar antecipou o período da criação do novo Estado Turco. Foi assinado entre o Governo de Ankara e os Estados do Entendimento, o Tratado de Mudanya (11 de outubro de 1922) logo foi decidida a realização de uma Conferência em Lausanne, na Suíça, para discutir os acordos de paz. Mas os Estados do Entendimento convidaram também para esta conferência o Governo de İstanbul. Este ato marcou o fim do Sultanato otomano. Efetivamente, a Grande Assembléia Nacional em 1 de novembro de 1922 decidiu separar o Califado do Sultanato e o aboliu. O último Sultão Otomano Mehmed o sexto (Vahidettin) deixou İstanbul em 17 de novembro de 1922.

O Tratado de Paz de Lausanne (24 de julho de 1923):

As negociações de Lausanne, do qual o Governo de Ankara participou só com um representante, começaram em 21 de novembro de 1922. A delegação turca foi chefiada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros İsmet Pasha (İnönü).
As entrevistas são interrompidas em fevereiro de 1923 por causa do desacordo no futuro dos privilégios econômicos concedidos pelo Império Otomano aos países estrangeiros, mas são retomadas em seguida a uma nota do İsmet Pasha em 23 de abril de 1923.

O Tratado de Paz, composto de 143 artigos, 17 convenções e protocolos anexos, coloca um um ponto final à guerra da Liberação Nacional, reconhece oficialmente o Governo da Grande Assembléia Nacional da Turquia, define as fronteiras da Turquia, suprime os privilégios econômicos, escalona as dívidas otomanas e enfim, reconhece oficialmente a independência política e econômica da Turquia. O Tratado assinado em 24 de julho de 1923 em Lousanne, cidade Suíça, foi ratificado em 23 de agosto de 1923 pela Grande Assembléia Nacional da Turquia.

 


 

REFERÊNCIAS UTILIZADAS NO TEXTO

      1. A Cruz e o Crescente (Richard Fletcher – Ed. Nova Fronteira)
      2. Ascensão do Império Otomano: a História do Estabelecimento do Império Turco através do Oriente Médio e Leste Europeu eBook Kindle (Charles River Editors)
      3. Bizâncio ( Michel Angold – Ed. Imago)
      4. Civilização – Ocidente & Oriente (Niall Ferguson – Ed. Critica)
      5. Dissolução do Império Otomano: A História e o Legado do Declínio dos Turco-Otomanos e a Criação do Oriente-Médio Moderno eBook Kindle (Charles River Editors).
      6. História das Cruzadas (Steve Runciman – Ed. Imago)
      7. Istanbul and the Civilization of the Ottoman Empire (Bernard Lewis)
      8. Suleiman, o Magnífico:A vida e o legado do sultão mais famoso do Império Otomano eBook Kindle ( Charles River Editors)
      9. O Expresso Berlin – Bagdá (Sean McMeekin – Ed. Globo)
      10. The Seljuks of Anatolia: Court and Society in the Medieval Middle East, (Peacock, Andrew and Sara Nur Yildiz,Sara) I.B. Tauris, 2013)
      11. Osman I: A vida e o legado do primeiro sultão do Império Otomano eBook Kindle (Charles River Editors)
      12. Wikipedia

 

 

 



× Como posso te ajudar?